sexta-feira, novembro 22, 2024
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Economia criativa mineira vai além da arte e da cultura

Segmento abrange atividades como moda, games e startups

Quando se pensa em criatividade, é comum que referências artísticas surjam à mente, como uma pintura ou um espetáculo teatral. No entanto, a criatividade, em suas diferentes formas, aparece nos programas de computador, nos vestidos desenhados por estilistas, em embalagens de produtos ou em projetos arquitetônicos, por exemplo.

“Há muita confusão sobre economia criativa porque a tendência é achar que esta é uma ressignificação da economia da cultura, mas vai muito além. O termo surgiu com o advento da internet, nos anos 90. Na época, o Design mostrou que era possível criar, vender e aumentar a capacidade de escalar, utilizando o meio digital, sem perder a autoralidade”, explica Nayara Bernardes, analista do Sebrae Minas, lembrando que são muitos os serviços, carreiras e negócios que utilizam a criatividade como capital intelectual e motor de sua atividade.

Ainda que economia criativa seja mais do que economia da cultura, o setor cultural segue forte em MG. “É preciso acabar com a mentalidade de que cultura e criatividade são habilidades marginais. Ser criativo é absolutamente necessário, hoje, em qualquer área. A indústria de entretenimento, que inclui cinema, música, shows e que é tão utilizada pelos Estados Unidos, é extremamente importante como empregadora e geradora de receita. É preciso que os artistas se apropriem de sua importância econômica”, assinala Natalie Oliffson, especialista em negócios de moda e criativos.

Moda

Moda é um dos setores mais representativos da economia criativa em Minas Gerais. “Minas é uma potência da moda para o Brasil. A criatividade sempre foi nosso maior diferencial, mais do que a produção em série, fortes em São Paulo e Rio de Janeiro. Aqui, pequenas empresas trabalham com valor agregado maior, uma moda reconhecida por ser mais qualitativa, com o feito à mão, o bordado, o artesanato”, explica Natalie.

Segundo ela, a pandemia colocou o mercado sob análise: “É essencial que possamos acolher a moda para que continue sendo uma das forças de Minas. A moda ilustra bem a dificuldade de se entender economia criativa porque é tratada como manifestação cultural ou então como mais uma indústria, mas deveria ser tratada como expressão artística relevante na geração de trabalho e renda, especialmente para mulheres, com apelo social.”

Games, tecnologia e inovação

Mais do que diversão, os games são parte da economia criativa e movimentam um mercado bilionário ao redor do mundo. Mais do que diversão, os games são parte da economia criativa e movimentam um mercado bilionário ao redor do mundo. Em Minas Gerais, há cerca de 40 empresas desenvolvedoras de games, além de cursos de nível superior na área de jogos digitais e instituições de formação profissional técnica. O estado também conta com a Associação Mineira de Jogos Digitais (GAMinG).

Em relação a startups, o estado é o segundo no Brasil com maior número desses negócios. As soluções criativas são as mais diversas, como a que trata do Transtorno do Déficit de Atenção Hiperatividade (TDAH): “Nosso negócio nasceu no P7 Criativo, hub de inovação localizado em Belo Horizonte. Desde o início, sabíamos que estávamos inseridos na economia criativa. Com a nossa plataforma, buscamos criar e oferecer soluções em inteligência artificial a favor do diagnóstico de TDAH. São diversos profissionais, de várias áreas, buscando as melhores condições para o desenvolvimento da criança e do adulto cujo caminho foi modificado pelo transtorno do neurodesenvolvimento”, explica Alessandra Alkmin, uma das fundadoras da startup Addhere.

P7 Criativo

Criado em 2016, o P7 Criativo foi inspirado em iniciativas como o Ruta N, de Medellín, funcionando como uma comunidade de empresas e profissionais de áreas da economia criativa. A pandemia fez adiar a inauguração do novo espaço no centro de BH, mais especificamente na Praça Sete, que inspirou o nome do P7. Com a ajuda de vários parceiros, um edifício de 25 andares do arquiteto Oscar Niemeyer foi cedido e restaurado com o custo de R$53 milhões.

“Teremos em breve, nesse edifício, museu, biblioteca digital, coworking, espaço para empresas, laboratório da indústria 4.0, auditório e restaurante 360 graus”, conta Márcia Azevedo, gerente de Economia Criativa da FIEMG, gestora do P7: “Minas precisa criar novas profissões e buscar o desenvolvimento econômico baseado em novos segmentos, como vêm fazendo os países que estão crescendo.”

Publicado em G1 NOTICIAS

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